
Para muitas pessoas trans não binárias, o maior impacto na saúde não vem do corpo, mas da forma como a sociedade reage à sua existência. A falta de acolhimento, o medo constante da rejeição, os ambientes hostis nos serviços de saúde e a pressão para se “adequar” a normas cisgêneras geram quadros graves de depressão, ansiedade e disforia social — um sofrimento psicológico causado não pela identidade, mas pela marginalização imposta a ela.
Kayodê relata sua própria vivência com crises de burnout, diagnóstico de autismo tardio e estresse pós-traumático, agravados por experiências de exclusão nos espaços de cuidado. Esses relatos evidenciam a necessidade de pensar a saúde mental da população trans como prioridade nas políticas públicas, especialmente quando interseccionada com raça, classe e deficiência.
É urgente ampliar o acesso a profissionais capacitados, centros de atenção psicossocial (CAPS) com abordagem afirmativa de gênero, e criar protocolos específicos para o cuidado integral de pessoas trans. Saúde mental é saúde pública — e cuidar das emoções e da dignidade é um ato de humanidade.