O Direito à Vida: Por uma Justiça TransAfrorreferenciada

A justiça, em sua concepção mais plena, deve ser o lugar do acolhimento e da reparação. Mas para pessoas trans não binárias e ciborgues, especialmente as negras, o sistema jurídico tem sido, muitas vezes, mais um mecanismo de exclusão. Desde a linguagem usada até os espaços em que se circula, tudo sinaliza que seus corpos não são bem-vindos ou sequer reconhecidos como legítimos.

Kayodê defende a construção de um “direito transafrorreferenciado” — uma abordagem que combine raça, gênero e classe para compreender como as estruturas jurídicas perpetuam desigualdades. Isso implica não apenas em aplicar leis existentes, mas em reformular práticas, protocolos e até legislações que excluem quem não se encaixa na norma cis, branca e masculina.

A verdadeira justiça será aquela que ouvir as vozes dissidentes, respeitar seus nomes, histórias e identidades, e reparar não só os danos materiais, mas as violências simbólicas que marcam o cotidiano dessas pessoas. Um Judiciário que quer ser justo precisa, antes de tudo, estar disposto a se descolonizar.

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