Assistência Social para Além do Binário: A Urgência de Incluir Todas as Identidades

A assistência social no Brasil, especialmente através do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), tem um papel fundamental no atendimento a populações em situação de vulnerabilidade. No entanto, a forma como o sistema tem lidado com a população trans não binária e ciborgue mostra uma lacuna grave na efetivação de direitos. Muitas vezes, esses corpos dissidentes sequer são reconhecidos pelas estatísticas oficiais, o que dificulta a construção de políticas públicas assertivas.

O trabalho desenvolvido no CREAS da Diversidade, em Brasília, é uma das poucas referências nacionais no acolhimento de pessoas LGBTIQPA+. A experiência relatada por Kayodê Silvério demonstra que é possível construir um espaço sensível, ético e especializado, ainda que a demanda por esse tipo de serviço cresça exponencialmente, especialmente após a pandemia de COVID-19, com o aumento de casos de desemprego, insegurança alimentar e problemas de saúde mental.

Para avançarmos em uma assistência social mais justa e equitativa, é fundamental garantir formação contínua para os profissionais da área, produzir dados que contemplem gênero e raça, e ampliar os serviços especializados. A invisibilidade não pode mais ser naturalizada — a sobrevivência de pessoas trans, negras, pobres e dissidentes depende de políticas públicas que enxerguem a diversidade como um valor e não como um problema.

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