Ciborguismo e Humanidade: Corpos Trans em Constante (R)existência

O conceito de “ciborgue” vai além da ficção científica. Na perspectiva de Donna Haraway, retomada na dissertação de Kayodê, o ciborgue representa um ser híbrido que desafia as fronteiras entre humano e tecnologia, natureza e cultura, homem e mulher. Para muitas pessoas trans não binárias, essa metáfora traduz a realidade concreta de corpos modificados por hormônios, próteses e intervenções que afirmam identidades dissidentes.

Esses corpos são, muitas vezes, marginalizados nos serviços de saúde, que insistem em compreender o gênero apenas por uma ótica binária e patologizante. A vivência trans ciborgue exige um novo olhar da medicina, da psicologia e da política pública — um olhar que reconheça a autonomia, a complexidade e a dignidade desses sujeitos.

É hora de pensar a saúde como um processo de cuidado integral e não apenas de “cura”. Corpos trans, ciborgues, fluidos e plurais não são problemas a serem corrigidos, mas potências que devem ser respeitadas. A saúde pública precisa deixar de ser instrumento de controle e tornar-se um território de libertação.

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